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“A opala de Pedro II é única no mundo. E esse brilho transformou nossa cidade”

Empresário Juscelino Araújo Souza, primeiro presidente da Ajolpi, fala sobre a história, o potencial e os desafios da cadeia produtiva da opala
Por Graça Batista
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Quando se fala em opala, não se fala apenas de uma pedra preciosa. Fala-se de uma riqueza natural, cultural e econômica que molda a identidade de Pedro II, no Piauí. E poucos conhecem essa história tão profundamente quanto o empresário Juscelino Araújo Souza, lapidador, joalheiro e primeiro presidente da Ajolpi — Associação dos Joalheiros e Lapidários de Pedro II.

Com uma trajetória que se mistura à evolução da cadeia da opala na cidade, Juscelino participou ativamente da profissionalização do setor e do fortalecimento do polo joalheiro local. Nesta entrevista à Agência Sebrae de Notícias Piauí, ele conta como a pedra se formou, os desafios da extração, a importância do Festival de Inverno e o papel fundamental do Sebrae na construção dessa história de desenvolvimento.

O empresário Juscelino Araújo Souza

ASN – Afinal, o que torna a opala de Pedro II tão rara e valiosa?

Juscelino: A formação da nossa opala é um fenômeno geológico muito específico. O arenito, que tem em todo o Piauí e em outras regiões, foi lavado pela água das chuvas, que carregou a sílica presente nele. Essa sílica se depositou em camadas aqui na região. Só que aconteceu um fenômeno hidrotermal, com ação vulcânica, a cerca de 300 metros de profundidade. Essa temperatura cozinhou a sílica, transformando-a em opala. E não é qualquer opala: é a melhor do mundo. A nossa opala é mais dura, mais resistente do que a australiana, por exemplo. Isso porque ela passou por um processo de alta temperatura que não aconteceu em outros lugares.

ASN – E qual é o potencial dessa reserva? A opala corre risco de acabar?

Juscelino: A reserva é, de fato, muito restrita. A gente está falando de uma área menor que 10 por 10 quilômetros, ou seja, menos de 100 quilômetros quadrados. Só que o que foi extraído até hoje representa, no máximo, 10% dessa reserva. Trabalhamos muito na superfície, mas temos uma camada enorme de opala em profundidade ainda para ser explorada. Para você ter uma ideia, há três anos, a gente atuou numa mina de apenas 15 metros de profundidade e extraiu mais de 100 quilos de opala. Hoje, com o uso de maquinário, a perspectiva é de uma produção muito maior nas minas que estão sendo abertas.

ASN – Houve uma grande mudança no aproveitamento da opala ao longo dos anos?

Juscelino: Sim, e isso foi fundamental para fortalecer o setor. Antes, mais da metade da opala era descartada, porque as pedras eram pequenas ou não tinham o padrão que o mercado internacional exigia. Isso mudou completamente. Desenvolvemos o conceito do mosaico de opala, que hoje representa mais de 50% do faturamento de toda a cadeia. Além disso, aprendemos a trabalhar a opala branca, a opala leitosa e até o cascalho que antes ninguém queria. Hoje, tudo vira joia, tudo tem valor. Isso é fruto de criatividade, inovação e também de políticas públicas bem conduzidas — e nisso o Sebrae teve papel essencial.

ASN – E como surge a Ajolpi dentro desse contexto?

Juscelino: A criação da Ajolpi foi um marco. Eu fui o presidente fundador, junto com vários outros joalheiros e lapidários que sentiram a necessidade de organizar o setor. Antes, a gente participava de feiras internacionais, mas de forma individual, cada um por si, com apoio do Sebrae. Percebemos que, se uníssemos forças, poderíamos transformar Pedro II num polo de lapidação e joalheria reconhecido nacional e internacionalmente. Com muito esforço, desafios e parceria com o Sebrae, entre outras instituições, a gente conseguiu consolidar esse sonho. Hoje, é uma realidade.

ASN – E qual foi o papel do Festival de Inverno nesse processo de consolidação?

Juscelino: O Festival de Inverno foi — e continua sendo — um divisor de águas. Antes dele, a gente precisava se deslocar para outros estados, para feiras nacionais e internacionais, para divulgar nosso trabalho. Com o festival, Pedro II se tornou vitrine. O turista vem até aqui, conhece nossa produção, compra, valoriza. O Festival é mais que um evento cultural, é uma grande feira de negócios, que gera renda, movimenta a economia e dá visibilidade para nossa opala, nosso artesanato, nossa gastronomia e nossa cultura.

ASN – E olhando para o futuro, como você enxerga a cadeia da opala?

Juscelino: O futuro é promissor, mas também desafiador. A gente precisa continuar investindo em inovação, em design, em sustentabilidade e na formação de novos profissionais, porque essa tradição não pode morrer. Precisamos manter viva a cultura da lapidação, da joalheria, e ao mesmo tempo atender um mercado cada vez mais exigente. O apoio do Sebrae é, e sempre será, fundamental nesse caminho. E Pedro II seguirá brilhando, como nossa opala.

Festival de Inverno de Pedro II

O Festival de Inverno de Pedro II segue até hoje, domingo (22), reunindo música, cultura, gastronomia e muito empreendedorismo. Uma celebração que reflete, como as opalas, a beleza e a força desse território.

A realização é da Ágora – Produção e Cultura, Sebrae, Prefeitura Municipal de Pedro II, Governo do Estado do Piauí (por meio da Secretaria de Turismo – Setur e da Secretaria de Cultura – Secult) e do Governo Federal, via Ministério da Cultura, com apoio de diversos parceiros.

Serviço:
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Agência Sebrae de Notícias Piauí: (86) 3216-1325
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