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Mel do Piauí: Desafios e Perspectivas

Sebrae apresenta plano de ação para garantir a sustentabilidade dos pequenos negócios ligados ao principal produto de exportação do Estado
Por Antônia Pessoa
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A decisão do governo norte-americano de sobretaxar produtos brasileiros afetou diretamente a cadeia produtiva do mel do Piauí, que responde por 25% da produção de mel do país, estando em primeiro lugar no ranking de exportações desse produto. 80% do mel in natura do Estado – que está fora da lista de produtos contemplados com exceções tarifárias – tem como destino os Estados Unidos.

Para mitigar os efeitos gerados pela forte dependência do mel piauiense do mercado americano e manter a competitividade dessa cadeia produtiva, o Sebrae no Piauí estruturou um plano de ação que contempla sete eixos principais: Inteligência Estratégica; Governança e Articulação Institucional; Incidência Política e Diplomática; Apoio Emergencial às Cooperativas Exportadoras; Estratégia Multivetorial de Acesso e Expansão de Mercado; Sustentabilidade e Valorização Territorial; e Comunicação Estratégica e Valorização da Cadeia Apícola.

Mel

“O novo cenário imposto ao mel do Piauí nos desafia a ir além do que vínhamos fazendo até aqui. Diante das mudanças no mercado torna-se indispensável um reposicionamento estratégico. Nosso plano de ação é robusto e foi construído com base em pesquisas, diagnósticos técnicos, escuta ativa e olhar de futuro. Sabemos da complexidade do desafio, mas estamos certos de que, com união e planejamento, o mel do Piauí não só manterá sua competitividade, como também conquistará novos espaços no Brasil e no mundo”, afirma o diretor técnico do Sebrae no Piauí, Delano Rocha.

O plano, que é destaque no Sistema Sebrae, contempla estratégias de curto, médio e longo prazo. Entre essas estratégias estão apoio a certificações, acesso a novos mercados, consultorias para inovação e desenvolvimento de novos produtos, treinamento e capacitação técnica, articulação com governos e instituições parceiras, apoio a diversificação das exportações e comercialização, orientação para acesso ao crédito e gestão financeira, e campanhas de marketing e comunicação.

DO PLANEJAMENTO À PRÁTICA: ALÉM DO MEL IN NATURA

No tocante ao desenvolvimento de novos produtos, o Sebrae já realizou, em 10 municípios do centro-sul do Estado, a Oficina Cosméticos Apícolas: Transformando Produtos Naturais em Negócios Lucrativos. Os participantes aprenderam a como agregar valor ao mel a partir da conversão da matéria-prima in natura em produtos com maior valor de mercado, como sabonetes, cremes, shampoos e outros cosméticos.

 Oficina Cosméticos Apícolas: Transformando Produtos Naturais em Negócios Lucrativos

“Enquanto o mel in natura é vendido como alimento, com preço atrelado ao mercado de commodities ou ao consumo direto, os cosméticos apícolas se inserem no setor da beleza e bem-estar, um segmento que permite margens de lucro significativamente maiores. A diversificação da produção inclui também produtos como cera, própolis e pólen. É uma alternativa para construir uma base comercial mais robusta e menos volátil”, explica a gerente da Unidade de Competitividade e Inteligência de Negócios do Sebrae no Piauí, Luana Nogueira.

A produção de pólen apícola já é realidade na região norte do Estado, mais especificamente na cidade de Esperantina, onde o Sebrae realizou consultorias para incentivar essa nova fonte de renda, mais lucrativa, com alto valor agregado e com crescente demanda nos mercados nacional e internacional.

CERTIFICAÇÕES SÃO A PORTA DE ENTRADA PARA NOVOS MERCADOS

O fortalecimento às certificações orgânica e de Comércio Justo é outra frente de atuação do Sebrae no Piauí, por meio do Programa Agronordeste. A estratégia é voltada para ampliação do acesso a mercados internacionais mais exigentes e rentáveis. Essas certificações não apenas atestam os atributos de qualidade, mas também a rastreabilidade, garantindo que a produção respeita critérios rigorosos de sustentabilidade ambiental, responsabilidade social e boas práticas agrícolas, além da origem e vínculos com os biomas do cerrado e da caatinga.

“Desenvolvemos também ações para obtenção das certificações sanitárias. Ao apoiar os produtores nesse processo, o Sebrae contribui diretamente para a valorização do produto, o aumento da competitividade e a geração de renda no campo, além de tornar a produção apta a ingressar em mercados com barreiras tarifárias mais brandas e performance crescente, como Alemanha, Canadá, Itália, Reino Unido, Bélgica, Suíça, Áustria e Japão. Há também a possibilidade de chegar a províncias da China, trabalho que vem sendo capitaneado pelo Governo do Estado”, pontua o coordenador estadual do Agronegócio do Sebrae no Piauí, Paulo Alexandre.

Atualmente, o Piauí possui 2,7 mil apiários e 116,5 mil colmeias de 2,5 pequenos produtores com certificação orgânica, que são responsáveis por 90% da produção de mel do Estado, além de 1.088 apicultores certificados em Comércio Justo.

ARTICULAÇÕES INSTITUCIONAIS: OPORTUNIDADES PARA O MEL PIAUIENSE

O Sebrae tem feito também articulações junto aos órgãos governamentais para incentivar a inserção do mel nas compras públicas, especialmente em programas de merenda escolar, para impulsionar o consumo interno e a economia regional de forma sustentável.

“Estamos incentivando os produtores a se inscrever nos editais de compras públicas e sensibilizando os gestores públicos a priorizar esse produto nos processos de aquisição da merenda escolar. O mel já é realidade em escolas públicas de vários municípios do Estado, como São Francisco de Assis, Bela Vista do Piauí, Queimada Nova, Simplício Mendes, Paulistana, Betânia do Piauí, Patos do Piauí e Aroeiras do Itaim. O volume de recursos movimentado com a compra de mel por parte desses municípios já soma quase R$ 500 mil”, destaca a analista do Sebrae da Unidade Regional de Picos, no centro-sul do Estado, Mercês Dias.

O Sebrae também tem atuado junto a governos e instituições, a exemplo do Sebrae Nacional e da Investe Piauí, somando esforços para incluir a pauta apícola nas agendas de desenvolvimento econômico, sustentabilidade e políticas públicas, ampliando o reconhecimento da apicultura como uma atividade estratégica para a geração de renda e valorização dos territórios.

OUTRAS ALTERNATIVAS E MAIS POSSIBILIDADES

O fracionamento também é visto pelo Sebrae como uma estratégia para driblar os desafios. Por isso, a instituição tem ofertado consultorias para criação de rótulos e embalagens, com design diferenciado e que atendem às exigências dos mercados consumidores, agregam valor ao produto e fortalecem a identidade visual das marcas locais.

Estão previstas também, além de outras iniciativas, campanhas de marketing e comunicação para incentivar o consumo do produto no mercado interno, destacando os benefícios do mel para a saúde, sua origem sustentável e a qualidade do produto piauiense. O objetivo é ampliar o reconhecimento entre os consumidores brasileiros e fortalecer a presença desse produto nas prateleiras de estabelecimentos de todo o país.

Serviço:
Central de Relacionamento Sebrae: 0800 570 0800
Portal do Sebrae no Piauí: pi.sebrae.com.br
WhatsApp: 0800 570 0800
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